O tradicional Festejo de São José já faz parte do Calendário Cultural do estado do Tocantins e reúne milhares de fiéis das regiões próximas e da cidade de Dianópolis todos os anos. Essa tradição de fé e devoção acontece no mês de março e conta com a participação popular na sua mobilização e realização, mostrando o engajamento da população católica no sudeste do Estado. Conheça mais sobre a história da festa do padroeiro de Dianópolis, contada pelo antigo pároco e pela comunidade envolvida na sua organização. 356a6x
Padre Tiago Augusto Messias
Sou natural de São Paulo – SP, e sou sacerdote e educador. Antes do sacerdócio, era gerente socioeducativo de uma ação social em Ermelino Matarazzo, Zona Leste de São Paulo. A minha primeira participação nos Festejos de São José foi no ano de 2019, quando tomei posse como pároco no mês de fevereiro do mesmo ano. Atualmente não faço mais parte desta Paróquia, assim, não participo ativamente das festividades que estão por vir, mas vou contar um pouco sobre a história do festejo.
Os festejos sempre foram bem divididos com 10 dias de programação: são 9 dias de novena e depois a grande solenidade no dia da festa do Padroeiro. No dia seguinte à festa, sempre tinha a chamada missa dos Romeiros, uma celebração de Ação de Graças de despedida de tudo aquilo que foi realizado. Havia sempre uma confraternização após todos esses dias de festa. Dentro da quermesse, dentro da programação do festejo sempre tinha vendas, de bebidas não alcoólicas, vendas de pastéis, hot dog, torta, canjica, doces.
Havia uma ornamentação bem estruturada, feita pela comunidade, pelos membros da própria comunidade, da própria paróquia. Sempre com muito zelo e com muito carinho. A divisão de tarefas era sempre no período da tarde, aqueles que preparam todo o pastel, a carne, a canjica. À noite, após a missa, tinha uma outra equipe que fazia a distribuição e a venda, com caixas distribuídas entre os paroquianos.
Quando cheguei, nós também tínhamos dentro do festejo um grande bingo. Tinha também a divisão dos ofícios, que eram entregues dentro da comunidade, dentro dos comércios, pedindo doações. E então a divisão de tarefas era sempre muito bem organizada nesse sentido, de uma maior participação da comunidade. Existiam e existem muitas doações realizadas pelos moradores pelo padroeiro, pela fé, pela dedicação e pela satisfação em querer ajudar a igreja local, principalmente por causa do Santo São José.
- O que mudou em relação à participação da comunidade quando você começou a participar até os dias de hoje?
Quando eu cheguei na comunidade ela era muito dividida, cada um tinha o seu ponto de vista em relação à festa. As comunidades colaboravam, mas não tinham uma participação ativa. Com a minha chegada e até mesmo com a participação das pessoas, a igreja de São José foi sendo construída e foi sendo transformada como uma igreja para todos. Então todas as comunidades têm a sua preocupação em ajudar o patrono, que é a Igreja Matriz.
Tendo em vista que nós amos por um momento delicado, que foi a pandemia da Covid-19, então não houve tanta participação presencial em quase dois ou três anos de realização de festa, mas mesmo depois de começar a abrir os espaços religiosos públicos para a manifestação de fé, nós conseguimos fazer com que a comunidade particie ativamente daquilo que é muito próprio deles. Então a venda de comida, da quermesse, era realizada por meio de delivery. As pessoas avam por lá e compravam tudo no intuito de colaborar com a igreja.
O nosso bingo não foi mais realizado, então fizemos e criamos um leilão virtual para que as pessoas continuassem a doar e a participar, então a participação nos dias de hoje é uma participação muito ativa, uma participação de zelo, uma participação de compromisso, uma participação de pertença. Pertencemos a esta comunidade e queremos vê-la bem.
- Na sua opinião, o que influencia o engajamento e a participação da comunidade na organização da festividade?
Sem dúvida nenhuma a minha opinião é de que precisa existir uma predisposição. Eu tenho que estar predisposto a querer engajar, preciso estar predisposto a querer organizar as festividades. Eu preciso estar predisposto a me fazer comunidade, a me fazer família paroquial.
A minha opinião sobre esta influência é que parte muito de quem está liderando, é claro que em uma comunidade, o líder, nesse sentido religioso, não vai ser bem-visto por 100% de toda a comunidade, mas existe o respeito e é nesse respeito que as pessoas se engajam para poder continuar a participar, se engajam para que esta influência na participação da comunidade dentro das festividades aconteça. Então a minha opinião é que o querer ajudar, querer se colocar à disposição é que faz a diferença.
- De que forma o festejo é financiado?
Ele é financiado pelo próprio povo, pela própria comunidade. Temos com toda certeza, ajuda do poder público, tanto estadual, quanto municipal, e temos a colaboração dos comerciantes, que muitas vezes nem são católicos, mas respeitam o patrono da cidade pela história de mais de 100 anos. Nós temos parcerias com a cooperativa Sicredi, Banco da Amazônia, que são muito bem atuantes, comércios locais. Então a busca de parceria é sempre muito agradável com os comerciantes da cidade, porque eles se sentem inseridos em toda a festividade.
Como era feito antes, tenho certeza de que é como é feito ainda hoje, porque quando tomamos posse de uma paróquia, nós damos continuidade ao trabalho, então essa busca do financiamento dos festejos ela vai se aprimorando. Porque hoje a paróquia de São José está inserida no Calendário Cultural do Estado, então temos prerrogativas que nos ajudam cada vez mais a trazer recursos para que a festa aconteça. Neste ano de 2024 tivemos mais de quatro shows sendo patrocinados pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e de Turismo. Então hoje nós temos uma abertura e uma facilidade para angariar fundos para que a festa aconteça de uma maneira muito melhor, né? Enquanto estrutura enquanto comunidade a comunidade sempre estará presente na festividade de São José.
Mágda Lúcia Póvoa B. Magalhães
Tenho 66 anos, sou professora aposentada, natural de Dianópolis-TO. Pertenço a uma família católica e desde a minha infância participo dos festejos de nosso padroeiro São José, quando era ainda na Sagrada Família. Desde 1980, eu participo das festividades, mas comecei a ser festeira mesmo nos anos 2000. A minha participação nos festejos é na preparação dos alimentos para vender, na música e servindo como ministra da Eucaristia. O festejo de São José sempre foi aguardado com muita alegria. O festejo de São José se tornou tradição para nós, do tempo da minha avó, quando eu era criança, a gente não perdia as novenas e até então, quando criança eu só participava, fui crescendo e me envolvendo. Fomos indo com a mamãe e a gente nunca faltou, juntamente meus irmãos e minhas irmãs, tanto que minha que mora em Goiânia agora vem de lá para ajudar nos festejos, meus netos, minha bisneta já estão ajudando como coroinha e infiltrada nos festejos ajudando em tudo, na catequese. Então é uma tradição familiar que vem de muitos anos, nós estamos envolvidos não só nos festejos de São José, mas em todos os outros e também nas pastorais da igreja, estamos presentes.
Antigamente, a cidade era muito pequena, não tinha meios de transportes e praticamente as famílias existentes na cidade faziam a festa. A parte social era somente de leilões com doações das famílias, que eram os fazendeiros da cidade. Aconteciam as novenas, a levantada do mastro e o dia do padroeiro era comemorado com muita alegria, fogos, alvorada, missa, distribuição de carnes para a população. O festeiro oferecia almoço, tudo organizado pela comunidade.
Hoje, a festa de São José tomou outra dimensão, a cidade cresceu e a participação do povo é expressiva, envolve a comunidade em geral, escolas, poder público e empresas privadas. A quermesse é feita durante os 10 dias de festa, com barracas de venda de pastel, canjica, torta salgada, torta doce, refri, caldo, e nesse ano vendemos cirigado. Temos, também, bingos e a barraca do rei e da rainha.
Maria Josefa Caetano Silva Barbosa
Sou recepcionista aposentada, tenho 56 anos, e sou natural da zona rural de Dianópolis-TO. Comecei a participar dos festejos desde o ano de 1997 e, atualmente, participo na liturgia, pastoral do dízimo, arrecadação de alimentos para quermesse e outras atividades dentro da igreja. No início, a participação dos católicos era pequena, mas com incentivo e muita dedicação o padre da época conseguiu um grande número de fiéis comprometidos, porque antes as pessoas que estavam à frente eram sempre de famílias tradicionais, ricas, ou com sobrenome de “peso”. Graças a Deus, com fé e coragem, o sacerdote conseguiu incluir as comunidades e as pessoas mais simples, dando oportunidade para todos colaborarem com o que tinham e de acordo com sua vocação. A festa está cada vez mais bela e a cada ano aumenta a participação de mais pessoas, os fiéis se entusiasmam em ajudar, você vê no rosto dos cristãos humildes a alegria de fazer parte da Paróquia e da sua comunidade e da sua importância no crescimento do Reino de Deus.
A minha opinião é que está cada vez mais próximo do que Jesus nos ensina no seu Evangelho, que cada um de nós somos um membro do corpo e que se não estivermos unidos, ligados ou faltar um dos membros, o corpo não vai funcionar na sua totalidade, e isso não importa, raça, cor, classe social, pois para Deus somos todos iguais. Sigamos para frente e para o alto.
Tânia Maria P. Santana
Sou natural de Dianópolis-TO, tenho 64 anos, e sou a/funcionária pública. Participo ativamente dos Festejos do padroeiro da cidade desde 2010, e cuido da parte financeira e de coordenação. As programações são os novenários diários encerrando com 2 missas festivas. A primeira no dia 19 de março e a outra, dos romeiros, no dia 20. Sou responsável, juntamente com o grupo “Doação com Amor”, pelas vendas e controle dos caixas e prestação de contas de toda a parte social do festejo (quermesse, ofertas, leilões, rifas, ingressos). As mudanças foram gradativas em relação à forma de trabalho nos caixas. Existe controle para cada caixa, através de formulários com entrada e saída de fichas, modernizou com as máquinas para pagamentos com cartão e a implantação de pix para recebimentos.
Em relação à participação da comunidade é engajada e participativa, sempre tomando frente e ajudando no que é necessário. O poder público, atualmente, através das secretarias de Cultura tem assumido o seu papel. O setor privado e os colaboradores que trabalham em órgãos públicos sempre ajudaram, houve um crescimento devido ao aumento da população e novas empresas voltadas também para o agronegócio. Praticamente 100% dos ingredientes da quermesse são doados pela comunidade. Os brindes e animais dos leilões e rifas são doados. Os reis e rainhas, com seus familiares, montam barracas em conjunto, de guloseimas, jantinha, rifas. Atualmente, com o projeto apresentado, o Festejo de São José faz parte da agenda cultural do estado, e essa parte fica sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Cultura, juntamente com o município.
Gledes Oliveira Costa
Sou professor, natural de Campos Belos-GO e tenho 55 anos de idade. Participo ativamente na organização dos leilões, equipe litúrgica e sou responsável em receber as doações, organizar as mesas e nas vendas dos leilões. Quando comecei a participar a programação era quermesse, missa, parte social após a missa e realização de bingos, ornamentação e divisão de tarefas específicas, quando necessário. Enquanto a participação da comunidade é com uma boa participação, colaboração e ajuda de brindes para leilão e no que precisa no dia a dia durante as novenas do festejo. Na minha percepção houve uma evolução na participação da comunidade, como nas missas, novenas, colaboração nas doações de alimentos, para fazer as comidas tradicionais e vender, brindes variados para leilão, dentre outros, e na evolução da tecnologia, como pagamentos através de pix, máquina para ar cartão. Além de contribuir para o bem-estar da comunidade, o engajamento dos fiéis pode melhorar a autoestima, a autoconfiança e a espiritualidade das pessoas na festividade. Quando as pessoas se envolvem em questões sociais da igreja, elas se tornam mais conscientes e aumenta a sua fé, podendo também ajudar os irmãos da melhor forma possível e solidária. O festejo é financiado através de colaboração da comunidade, buscando parcerias com comerciantes, órgãos públicos e voluntários durante o festejo. Sendo realizado dessa forma antes e até os dias atuais.
Wanda Rodrigues Costa de Carvalho
Sou funcionária pública federal aposentada, tenho 68 anos, e natural de Dianópolis-TO. Sou membro ativo da paróquia de São José. Eu participo dos festejos da paróquia desde a minha infância, porque nasci e fui criada nesse berço católico e sempre, desde a adolescência, eu fazia parte da liturgia, como ainda hoje, minha maior participação foi na equipe de liturgia e também como ministra extraordinária da Comunhão. Na minha juventude, o novenário acontecia sempre na igreja, tinha como festeiros, um casal, e ali, sendo esse casal, envolvia-se também a família, filhos, parentes mais próximos, mas o foco principal era a espiritualidade.
- Como eram os festejos?
A parte social se resumia apenas em leilões feitos na porta da igreja após a missa. Com o ar do tempo, foi se acrescentando a venda de canjica, de paçoca, de pipoca, de um milho cozido, mas nada que trouxesse um retorno financeiro que pudesse representar. Me lembro bem que a decoração era sempre feita com flores de papel crepom, produzidas ali pelos paroquianos mesmo, ou flores e folhagem que cada um cultivava em suas casas e fazia questão de levar, de acrescentar naquele vaso que já estava ali, cada um chegava, colocava seu ornamento ali e, como me lembro tão bem, da igreja sempre ornamentada nos meses de maio e junho, com pendão de cana.
Porque tanto o mastreiro, como o festeiro, faziam ali, no dia do seu mastro, no dia da sua festa, a farofa ali da carne de porco, da carne de gado, para distribuir à comunidade e ali com um café ou com um chá, e no dia do festejo também era época em que todos os sertanejos vinham à cidade exercer sua devoção, trazendo a sua oferta de mantimentos colhidos ali, fruto do trabalho deles, fruto da terra: a banana, a cana, o arroz, o feijão, o milho, a farinha, bem como também os ovos, frango, porco para serem leiloados ou, muitas vezes, também traziam ofertando aquilo ali como alimento para o pároco. Na alvorada daquela época, todos os fiéis ali se levantavam pela madrugada e ali eram programadas, era ensaiadas essas músicas para serem cantadas e sempre acompanhada ali ou de uma sanfona, de um sax, de um pandeiro, de um triângulo, mas a gente via ali o amor, a devoção em cada gesto disso que acontecia.
Ah, mas quanta saudade eu tenho das procissões, sempre às cinco horas da tarde, quando o sol já esfriava, ficava-se em casa apenas aqueles que tinham dificuldade para andar, mas nas frentes de cada casa também fazia-se altar para esperar a agem da procissão. Não sei qual a explicação, mas me lembro muito bem que sempre à frente dessa procissão eram os homens, aí depois vinha apostolado da oração, vinham as senhoras apostoladas da oração e depois o resto da comunidade, juventude, crianças. É a festa, era do povo e para o povo. Havia sempre a distribuição de mantimentos e carne aos menos favorecidos, ofertado por aqueles mais abastados, mas os tempos mudaram.
- Como está o festejo hoje?
Hoje, temos grupo de festeiros, quermesses, bingos, rifas, palcos, túneis, grandes estruturas, equipes de serviços, celebrantes de outras paróquias, decoração com flores naturais, mas em tudo isso eu vejo a importância que a devoção perpetua, que o amor ao sagrado perpetua em cada membro de nossa comunidade e que realmente a gente vê essa necessidade de uma arrecadação, para que sejam sustentadas todas as atividades que devem ser realmente executadas pela paróquia. Não vejo realmente um fator negativo a essa questão de visar também uma arrecadação, mas o que nossos olhos podem ver é como a comunidade se reúne.
Ana Maria Bispo Ribeiro
Sou professora, natural de Taipas-TO, tenho 52 anos e possuo 25 anos de atuação como professora. Minha participação nos festejos de São José é desde 1987, como eu participava do grupo de jovens e ajudando as catequistas no Colégio João de Abreu, participando do grupo de reflexão da irmã Carmem, e quando era época do festejo eu ia participar e ajudar. Na época do padre Padre Lauro, o padre Jakson, Padre Gleibson, e esses demais que já vieram. A minha função era de voluntária e depois de 98 eu ei a ser catequista. Eu era catequista no João de Abreu, depois na matriz de São José, e depois eu comecei trabalhar à noite e não consegui continuar sendo catequista. Depois eu voltei em 2016, lá na capela de Santa Luzia, terminei uma turma lá, e depois fui ser assistente de duas turmas que já terminaram no salão paroquial.
Hoje eu faço parte da pastoral do dízimo na paróquia, faço parte do grupo de voluntários, e ainda sou, ainda me tenho como catequista. No Festejo de São José aconteciam os novenários como acontece hoje ainda, só que acontecia onde hoje é o escritório paroquial e é o centro de catequese. Na época, o espaço de festa não tinha esse espaço grande que tem hoje. Era bem pequeno, não era aquele movimento que tem hoje. Os Festejos de São José naquela época aconteciam o novenário com as missas e com a quermesse. Só que não tinha tanta coisa não, o festejo veio dar uma uma levantada assim e ou para uma festa de grande porte, foi com o padre Jakson para cá, o padre Jackson deu início e depois foi o padre Gleibson, que entrou e fez aquele movimento que mexeu com a cidade toda e os outros que aram depois deram continuidade, e foi assim que foi acontecendo. Era algo assim muito positivo, e o pessoal contribuía muito, tinha gente que matava gado na época e doava os quilos de carne aí na porta da igreja.
- Como era a participação da comunidade?
A comunidade era muito participava, mas não era em grande fluxo como é hoje não, em relação à comunidade, a participação de antes e a participação de hoje. É muito maior do que a de antes. Porque vejo só engrandecendo, vejo só melhorando, então vejo só a cada padre que entrou depois do Padre Lauro para cá, só foi melhorando. Só foi aumentando atividades, tinha serenata para arrecadação, tinha o almoço que ainda mantêm que a gente luta para manter. O almoço de São José, tinha um leilão que arrecadava mesmo, foi com essa arrecadação na época do padre Gleibson para cá, que ele conseguiu arrumar as outras capelas, como reformar a igreja Matriz, fazer o salão, e tudo isso.
Eu vejo que há muita gente querendo participar, há muita gente que gosta de participar e que tem um conhecimento definido sobre a palavra e sobre o que que é participar ativamente. E os fiéis, a comunidade tem que construir sua própria identidade. Vou acolher quem vier, vou auxiliar, vou ajudar no que for preciso, não vou excluir ninguém. E também quem chegar, saber acolher toda a comunidade de forma por igual, não ter grupos de pessoas.
- E atualmente? Como funciona?
Os recursos que a gente corre atrás para que a gente garanta o festejo até o final são doações pela comunidade. Primeiramente a gente trabalha em cima de doações, a gente busca ajuda de todas as formas, de mão de obra, de ingredientes para para fazer os as comidas para vender na quermesse. Então, a gente corre atrás desses ingredientes. Esses ingredientes são de suma importância para garantir o festejo, e as pessoas doam mesmo, doam mesmo! No almoço a gente pede a doação com os filhos de Dianópolis que moram fora. E os leilões, a gente pede os gados para as pessoas, para doarem, nós já recebemos para fazer o leilão, e nesses últimos anos não aconteceu como deveria, pois depois da pandemia mudou muita coisa. A gente não conseguiu fazer as coisas como era antes. Buscamos também alguns recursos junto à prefeitura, recurso não, é por exemplo, se é uma banda para tocar, a gente pede a Secretaria da Cultura, que nesses últimos anos tem ajudado, depois que o festejo ou a fazer parte do Calendário Cultural. As doações dos bingos, a gente pede nas lojas, pede para as pessoas, já aconteceu de ter um carro e a gente bingou. A gente consegue a parceria da Polícia Militar, consegue parceria da Saúde, consegue parceria dos Bombeiros. Desde que eu acompanho os festejos de São José, ajudo, faço o meu trabalho de voluntária.
Kaique Araújo Cardoso
Sou gerente de estoque e compras na loja Inove Materiais para Construção, tenho 25 anos de idade, sou natural de Dianópolis. Minha primeira participação no festejo foi desde cedo, a minha Vó fala até hoje, que me levava no colo. Fui criado nesse território religioso, cresci vendo o festejo, e quando não íamos um dia, eu ficava em casa chorando. Hoje vejo como cresceu e mudou de todas as formas: o espiritual, o material, entre outras áreas. Mas tenho lembranças a partir do ano de 2006, que foi quando comecei a ajudar de fato no festejo, carregando cadeiras, ajudando na cozinha.. Era uma criança, mas ajudava de forma genuína, me sentindo bem e feliz por estar, até nos dias atuais.
Me lembro que o festejo tinha sempre uma forma de dar início, sempre com 10 dias. No primeiro dia, com a famosa alvorada às 05h da manhã, e continuava com as programações: mastro, santa missa e a parte social (barraquinhas). Como de costume, íamos para a igreja organizar as coisas, as cadeiras e as mesas, na cozinha tinha e tem até nos dias de hoje, as equipes, para organizar o lanche da parte social para as vendas. Tinha também a equipe litúrgica ajudando na parte da missa, e outra equipe, a da ornamentação, que dá o brilho para a festa. Esta festa que se destaca na região sudeste. E tudo é feito pelos festeiros, cujo é o nome dado para as pessoas que ajudam voluntariamente, de forma gratuita, e realmente é uma doação e entrega por amor.
- O que mudou em relação à participação da comunidade de quando você começou a participar até os dias de hoje?
Mudou-se de forma significativa, ou seja, sempre cresceu, com a evolução da tecnologia, de alcançar mais pessoas. O festejo sempre teve uma forma muito positiva com os fiéis. Mudou tanto, que atualmente conseguimos alcançar mais pessoas através das transmissões por rádio e lives, no Instagram, Youtube e Facebook. E dessa forma o festejo ganha mais engajamento. Recentemente amos pela pandemia e vimos o quão foi difícil, mas não deixamos de ter o festejo, pois obtivemos formas de continuar, como disse antes com a transmissão do festejo e parte social de forma delivery. Com isso o festejo tem um grande impacto em Dianópolis e região, fortalecendo fiéis e visitantes.
- De que forma o festejo é financiado e o que é feito com o lucro arrecadado?
O festejo é feito pelos festeiros e pela comunidade. São feitas doações para a parte social, que também é solicitado pela paróquia para entidades, comércios, escolas e entre outros por meio de ofício. Logo, temos um apoio do governo do estado, com a doação do palco, som e shows. Lembro que o festejo está incluso no calendário cultural do estado do Tocantins, facilitando mais ainda a realização do mesmo. Antigamente era mais difícil, hoje em dia melhorou, por conta da facilidade e disponibilidade dos fiéis. A paróquia organiza a parte social e juntamente é feito bingo, e várias formas de arrecadação. Que é para manter a paróquia, como a manutenção da própria igreja, casa paroquial e despesas, como água, luz, internet. Entre outros fatores, como também a parte litúrgica.
(PASCOM – Paróquia de São José – Dianópolis-TO).